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Empresas abertas de tecnologia representarão 4,5% do PIB brasileiro neste ano. Até onde o setor pode ir?

Estudo do fundo Atlantico mostra crescimento das empresas de tecnologia privadas e públicas durante a pandemia, no Brasil e na América Latina

Tornou-se um clichê falar que a pandemia do novo coronavírus trouxe crescimento para empresas de tecnologia em todo o mundo. Agora, essa expansão foi quantificada no Brasil. O fundo de investimentos Atlantico elaborou um estudo sobre a transformação digital nos últimos anos na América Latina.

O Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney, detalhou as principais conclusões do relatório, entitulado “Latin American Digital Transformation Report 2021”. Também entrevistou Julio Vasconcellos, um dos fundadores da startup Peixe Urbano e sócio operador do Atlantico, sobre o aumento de participação das empresas de tecnologia no Brasil e em toda a América Latina.

Para o sócio operador, o Brasil trilha o mesmo caminho feito por Estados Unidos e China há cerca de uma década.

A tecnologia cresce na Bolsa de Valores

As empresas de tecnologia estão ganhando participação relevante nos mercados acionários latino-americanos. O valor de mercado das empresas de tecnologia na região, como porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB), cresceu de 0,9% para 1,8% entre 2015 e 2019. Em 2020, a participação saltou para 2,3%. Em agosto de 2021, para 3,4%.

Mesmo com esse crescimento, ainda há espaço para explorar a transformação digital na América Latina. Nos Estados Unidos, o valor de mercado das empresas de tecnologia na região como porcentagem do PIB irá de 48,2% para 69,8% entre 2020 e 2021. Na China, de 25,4% para 30,2%. Na Índia, de 9,9% para 14,2%.

Já na América Latina, a presença no PIB irá de 2,3% para 3,4%. O Brasil puxa esse salto regional: o valor de mercado das empresas de tecnologia nacionais como porcentagem do PIB foi estimado em 2,8% em 2020. Em 2021, a projeção é chegar a 4,5%.

“Olhando para nosso histórico, estamos crescendo bem rápido. A aceleração foi ainda maior durante a pandemia”, diz Vasconcellos. “Tivemos um período longo de expansão gradual até um ponto de inflexão. Essa decolagem aconteceu nos últimos três anos, dando ao Brasil um formato similar de curva de transformação digital ao visto nos Estados Unidos há 15 anos e na China há 10 anos”.

Para o investidor, é uma questão de tempo para empresas de tecnologia brasileiras alcançarem uma participação maior no PIB. “Começamos depois e nada acontece do dia para a noite. Mas cada ponto percentual representa uma grande criação de valor”, diz o sócio operador do Atlantico.

As empresas de tecnologia precisam acompanhar três possíveis gargalos: capital, regulação e acesso a talentos.

“Não vemos mais o investimento como um gargalo, e estamos trilhando um bom caminho quanto a uma posição pública pró-inovação. Em talentos temos uma visão mista: os jovens estão interessados em trabalhar nas empresas de tecnologia, mas ainda existe um grande déficit entre a oferta de profissionais em carreiras digitais e demanda do mercado. Além das startups, empresas tradicionais também procuram esses profissionais para se transformar. Sem maior investimento nessa formação, esse gargalo de acesso a talentos deve continuar.”

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