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Governo teme que, com crise, dólar caia mais

Preocupação é que acordo atrase recuperação da americana. Tombini diz que Brasil está preparado

O secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Carlos Márcio Cozendey, disse ontem que o acordo firmado entre o presidente americano Barack Obama e o Congresso para elevar o teto da dívida dos EUA ainda provoca incertezas. O acordo - que prevê um forte corte de gastos - foi anunciado no domingo por Obama e aprovado ontem na Câmara, mas ainda depende do aval do Senado. A maior preocupação do governo brasileiro é que o acordo atrase ainda mais a recuperação da economia americana, afetando também o cenário global e forçando ainda mais a queda do dólar. Além disso, o acerto não resolve a questão do endividamento do país no longo prazo.

- O acordo ainda deixa muita margem para o que vai acontecer. Ele afasta incertezas de mais curto prazo, mas não resolve definitivamente o problema de longo prazo de sustentabilidade da dívida - afirmou Cozendey.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez ontem uma avaliação do quadro americano durante reunião da coordenação política de governo no Palácio do Planalto. Ele ressaltou, por exemplo, o risco de o ajuste fiscal negociado por Obama agravar ainda mais o cenário econômico do país e aumentar o desemprego local.

Focus eleva previsão de inflação a 5,30% em 2012

Mais otimista, o presidente do Banco Central Alexandre Tombini disse ontem em palestra para empresários mineiros acreditar que o Brasil está preparado para um cenário de maior estresse da economia global, causado pela crise da dívida federal americana e uma eventual redução do fluxo de capitais para o país.

Tombini citou a manutenção da política de câmbio flutuante, a robustez do mercado interno brasileiro e o bom volume de reservas internacionais em caixa como fatores que permitiriam ao país absorver o choque externo, a exemplo do que ocorreu na crise financeira de 2008.

- O cenário internacional requer cautela, mas temos adotado medidas providenciais que visam a proteger o sistema financeiro e a economia como um todo. Essa situação global é permanente. Em algum momento haverá uma reversão (do fluxo de capitais no país) e temos que estar preparados para isso - disse o presidente do BC, que participou ontem de almoço com cerca de cem líderes empresariais na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em Belo Horizonte.

Diante da sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) de que o objetivo do Banco Central, agora, é trabalhar para deixar a inflação dentro da meta (de 4,5% ao ano) num horizonte mais longo, analistas do mercado elevaram a projeção para o IPCA e reduziram a da Taxa Selic para 2012. Segundo pesquisa semanal Focus, do BC, a previsão da inflação para 2012 subiu de 5,28% para 5,30%. Já a dos juros baixou de 12,75% para 12,50% ao ano.

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