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Banco pequeno perde competitividade

TONI SCIARRETTA A crise financeira deu um golpe na competitividade dos bancos pequenos e médios, instituições que no ano passado abriram o capital na Bolsa e que ensinaram os grandes bancos a fazerem crédito em nichos como o empréstimo consignado e o financiamento ao consumo na porta das redes varejistas. Com dificuldade para captar dinheiro com taxas factíveis, esses bancos tiveram suas margens esmagadas e praticamente paralisaram a concessão de novos empréstimos na semana passada, uma letargia que atingiu inclusive as grandes instituições e o financiamento a empresas de primeira linha. Agora, esses bancos tentam repassar o aumento de custos para seus clientes, que têm sempre a opção de procurar taxas menores nos grandes bancos. No caso do consignado do INSS, a situação é pior porque as taxas são tabeladas. Sem oxigênio, algumas dessas instituições poderão ser obrigadas a vender suas carteiras de empréstimos a bancos maiores, com estímulo do Banco Central, aumentando a concentração do crédito no país. Os bancos grandes poderão comprar essas carteiras com o dinheiro que recolhiam no compulsório. Foi a segunda medida do BC para flexibilizar o compulsório, na semana passada, que terá sua eficácia colocada a prova nesta semana. A primeira flexibilização foi criticada porque grandes bancos vêm preferindo deixar recursos no próprio caixa neste momento crítico do crédito. Capitalizados Para Ceres Lisboa, analista da agência de classificação de risco Moody's, a situação desses bancos não é mais grave porque a maioria está capitalizada desde a abertura de capital e não enfrentam problemas de inadimplência. A analista afirma que não há risco de quebra dos bancos pequenos no Brasil. "Não está fácil a situação desses bancos. O fator positivo é que eles estão capitalizados e têm um ativo de qualidade na carteira. Não tem uma inadimplência alta e os "spreads" são bons. Mas esses bancos precisam manter a originação de crédito e a bicicleta rodando para cobrir seus custos fixos." "A vantagem é que as operações desses bancos são de curto prazo, o que permite se adaptarem tanto a um menor acesso ao funding [captação] quanto um aumento no custo. Com a rolagem das dívidas, eles conseguem repassar um pouco esses custos. Mas os bancos que tiverem mais liquidez vão poder escolher o cliente que quiserem e conseguir uma remuneração melhor", disse Milena Zaniboni, analista da agência Standard & Poor's. Outra dificuldade apontada é quanto à situação dos bancos que surgiram de corretoras, como o Prosper e o Indusval. Esses bancos costumam ter ações na tesouraria e tiveram perdas com a queda na Bolsa. Na sexta, quando as ações PN do Banco Indusval desabaram 17,64% o conselho decidiu abrir uma recompra dos papéis. "A idéia era dar uma mensagem de confiança ao mercado. Não tivemos problema para fechar o caixa. Estamos bem capitalizados, e as carteiras são boas. A dificuldade maior é originar novos créditos com essas taxas", disse Luiz Masagão, presidente do conselho do banco. Para Masagão, o BC poderia ter feito melhor se tivesse aceitado que a cessão de crédito tivesse a figura da coobrigação, mecanismo em que o banco originário do crédito se mantém como um garantidor. Os bancos que comprarem as carteiras usando o compulsório terão de assumir o risco total, o que emperra as cessões por exigir nova análise de crédito. Fausto Guimarães, do Banco Cruzeiro do Sul, viu a nova flexibilização do compulsório como mais efetiva para estimular a retomada do crédito. "O ideal seria que os grandes bancos começassem a irrigar mais, mas não foi isso que aconteceu."
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